Mascara

Talvez, houvesse um nome mais apropriado para definir "isso",
Mas se existe eu ainda não o conheço.
As palavras nesse texto começaram a ser escritas, mas sem um motivo certo.
Talvez por mera loucura, talvez por desejo de expressar algo guardado a muito nesse peito,
talvez....... por simplesmente querer dizer algo que nem eu entenda.
Não sou poeta, quero deixar isso bem claro para toda e qualquer pessoa,
mas não nego que muitas vezes me declarei assim por mero comodismo,
afinal alguém que escreve "coisas" cheias de rimas, ainda pode ser considerado como um poeta,
Mas eu me cansei de tentar carregar um titulo que não me pertence.
Neste exato momento quero falar de algo que vem me atormentando a tempos.
Algo que eu uso a tanto tempo, que acredito que já faça parte de mim.
Muitos provavelmente me tarjarão de louco, outros talvez me chamem de excêntrico,
Já eu, me declaro diferente e impotente contra mim mesmo e minhas insanidades.
Muitos, não, a maioria dos que chegarem até aqui, provavelmente vão se sentir entediados, por eu falar e falar e não dizer nada.
Mas não os culpo, eu também estou entediado por escrever algo que não sei porque estou escrevendo.
Hoje quero falar de minhas mentiras, sem citar nenhuma delas,
Quero expressar o quão horrível é um dia perceber que tudo que se viveu em todo um longo tempo de existência, nunca passou de uma ilusão bem trabalhada pela própria mente.
Não me sinto triste por perceber isso, na verdade não sinto nada nesse momento, a não ser aqueles velhos calafrios na espinha, que sempre sinto quando escrevo algo que valha a pena ser escrito.
Quero falar sobre "isso", que não tem forma ou nome, que não é nada e ainda assim esta sempre junto de mim;
Uma mistura de desejo de mudança, com uma enorme ganancia de status e atenção.
Se querem saber, me considero um idiota por ter feito isso que fiz, mas não me arrependo, afinal foi isso que me ajudou a me tornar o que sou Hoje.
Eu batisei "isso" como Mascara, pois "isso" sempre fez com que minhas expressões mudassem quando era necessário.
Talvez por comodismo eu tenha aceitado essa simbiose sem relutância alguma, porque era meu desejo ser tudo que eu nunca fui;
Mas no final das contas, a Mascara só serviu para pequenas atuações perante os olhos daqueles que eu queria entreter.
Não nego que por um longo período de tempo, neguei a existência "dela", mas agora não vejo porque negar que sempre me escondi por trás "dela".
Seja por medo, por desejo de mudança ou meramente por comodismo, é um fato inegável que eu a usei todos os dias de minha vida, desde o dia em que quis ser como todos os outros.
E a sua força só aumentou com o tempo, pois eu a desejei ainda mais quando lágrimas caíram desses olhos por aquelas "Bela Dama" que nunca me olharam, que nunca sentiram "aquele" sentimento por mim.
E quando a criança, aquele que era tão parecido comigo se foi, e eu fiz uma promessa de vida no seu leito de morte, eu desejei ainda mais possuir o poder para enganar,trair e mentir, tudo isso só para alcançar meus objetivos obscuros.
E a Mascara era a única que poderia me dar esse poder, o poder de sorrir quando quisesse chorar, de ter raiva e fúria para impedir que as lágrimas escorressem pelo rosto desse eterno Pierrot........
Nesse exato momento percebo algo, que nunca havia notado antes, mas que sempre soube inconscientemente, que a Mascara, nunca passou, de uma parte de mim mesmo, alias ela é algo que todos os humanos possuem e sempre conviveram tão bem.
A Mascara nunca passou de uma enorme mistura de sentimentos e desejos tão confusos, que levaram esse ser a esse raciocínio louco, depravado e confuso, que não significa nada, mas que é tudo, que não diz nada, mas expressa boa parte do meu mundo.
O que quero dizer é que usei "isso" para poder me fazer ficar como todos eles, mas a verdade é que a Mascara nunca funcionou, porque por mais que o exterior mudasse, por mais que a aparência se transformasse, por mais que as palavras e as ações se parecessem com as deles, o interior, o ser de verdade, sempre permaneceu o mesmo.
Talvez do lado de fora de seu "palácio/calabouço", esse ser sempre se pareça como todos os outros, mas volta e meia a verdade vem a tona e eu mostro a face triste que existe por baixo da mascara de mentiras, que eu criei pra me esconder do mundo e principalmente de mim mesmo.
Não culparei a ninguém se me tarjarem de louco, demente, insano ou o que for,
mas minha razão sempre foi louca o que posso fazer?
As vezes eu desejo intensamente que o tempo volte, para poder concertar todos os meus erros,
Mas hoje eu escutei uma frase de um filme que me fez ver que isso seria uma idiotice.
A frase foi a seguinte: "...São as nossas imperfeições que nos tornam o que somos, que nos tornam únicos."
Então se mudasse meu passado, se concertasse meus erros, eu não seria o que sou, pois não teria a compreensão que tenho nesse exato momento do "tudo" ao meu redor;
Possivelmente eu seria só mais um, como todos eles, como todos os outros, todos aqueles que inconscientemente colocam todos os dias antes de saírem de suas casas, as suas Mascaras de mentiras;
Eu poderia escrever por muito mais tempo, se houvesse mais a ser dito, mas acredito que tudo já foi expressado, mesmo que de uma forma extremamente confusa para a maioria das pessoas.
Poderia dar um sermão, ou uma moral da historia, mas prefiro que aqueles que leiam isso um dia, possam tirar suas próprias conclusões sobre esses fatos tolos de minha vidinha chata, alias, chata sim, mas que não pretendo abandonar tão cedo.
No mais, devo dizer que a vida que levo não é a que almejei quando coloquei a Mascara, mas que se não fosse por "ela", hoje, minha vida já poderia ser morte.

onaitsirC